de E. Lockhart
“Os Mentirosos” é um livro de suspense que consiste em uma história sobre uma menina chamada Candace Sinclair Eastman que é narrada por ela própria. Ela é a neta mais velha e herdeira da família Sinclair, conhecida pela família e amigos como Cady.
Os Sinclair são uma família com uma riqueza enorme e antiga, em que todos são altos, atléticos, atraentes e loiros, e que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às suas tradições.
Todos os verões, o líder da família, as suas três filhas e os seus respectivos filhos se reúnem na ilha particular de Beechwood, onde Cady cresce ao lado dos seus primos, Mirren e Johnny, e do amigo Gat, um grupo intitulado pelas tias de “Mentirosos”. Os verões eram, sempre, cheios de lembranças e diversão, até o fatídico verão dos quinze.
No verão em que os quatro “Mentirosos” tinham quinze anos, Cady sofre um acidente na praia e perde todas as memórias daquele verão, ao mesmo tempo em que ganha poderosas enxaquecas. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o acidente ocorrido, até que Cady, depois de muito insistir com a mãe, finalmente volta à ilha com a intenção de descobrir a verdade chocante do que aconteceu no acidente do verão dos quinze.
Este livro tem várias mini-histórias que a Candace usa para ajudá-la a explicar uma certa situação, como esta:
ERA UMA VEZ um rei que tinha três lindas filhas. Ele amava muito todas elas. Um dia, quando as jovens estavam em idade de se casar, um terrível dragão de três cabeças dominou o reino, incendiando vilas com seu sopro ardente. Destruiu plantações e queimou igrejas. Matou bebês, idosos e todos que estavam entre um e outro.
O rei prometeu a mão de uma princesa em casamento a quem matasse o dragão. Heróis e guerreiros se apresentaram usando armaduras, montando cavalos corajosos e carregando espadas e flechas.
Um por um, esses homens foram massacrados e devorados.
Finalmente, o rei considerou que uma donzela talvez pudesse derreter o coração do dragão e ser bem-sucedida na missão em que guerreiros haviam fracassado. Ele enviou sua filha mais velha para implorar misericórdia ao dragão, que não escutou nem uma palavra de seus apelos. Engoliu-a inteira.
Então o rei enviou sua segunda filha para implorar misericórdia ao dragão, mas a criatura fez o mesmo. Engoliu-a antes que dissesse uma palavra.
O rei enviou sua filha mais nova para implorar misericórdia ao dragão, e ela era tão adorável e esperta que ele tinha certeza de que seria bem-sucedida, embora as outras tivessem perecido.
De jeito nenhum. O dragão simplesmente a devorou.
O rei ficou sofrendo, arrependido. Estava sozinho no mundo.
Agora, deixe-me perguntar uma coisa: quem matou as garotas?
O dragão? Ou o rei?
Nesta mini-história, Candace tenta explicar como o avô dela educou as suas filhas, como as “lançou” ao mundo sem estas estarem devidamente preparadas para isso e como sofre sem perceber que a culpa é dele.
Uma partilha de Gonçalo Pombal
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